Cotas e desigualdades raciais são abordadas em novo fórum

Fórum discute políticas públicas de cotas raciais para a educação, além de questões de diferenças  sociais, como qualidade de vida e renda, que permeiam a vida de milhares de brasileiros.

 

Confira a discussão mediada pela pesquisadora do Observatório da Justiça Brasileira, a Professora Doutora Lilian Gomes, que há tempos trabalha com a temática da identidade e direitos das comunidades quilombolas no Brasil.

 

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"Este é o ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, momento bastante propício para o debate sobre as ações afirmativas voltadas para a minimização das desigualdades de cunho racial. Há o reconhecimento, por parte de um conjunto de atores sociais e governamentais, de que a superação das desigualdades de renda, escolaridade e participação no mercado de trabalho, dentre outros, entre brancos e negros ainda é desafio a ser vencido juntamente com o racismo no Brasil. As diferenças ainda são demasiadamente grandes. Negros ainda saem do sistema educacional com um ano e meio de educação a menos que brancos, ganham apenas 53% do que ganham os brancos, e têm o dobro da chance de viver na pobreza (IPEA, 2008). Assim, a democracia racial ainda é um mito e para que ela se torne realidade seriam necessárias muitas medidas voltadas para a extensão da cidadania para o conjunto da população brasileira. Embora tenha ocorrido nos últimos anos uma melhoria em alguns desses índices, os negros continuam em situação de desvantagem em relação aos brancos. Entre os diferentes debates em torno da luta pela superação das desigualdades de cunho racial está aquele ligado às cotas raciais, voltada para a reserva de vagas nas universidades com corte étnico.  De acordo com Rosana Heringer[1], dados de setembro de 2010 apontam que 87 instituições públicas adotaram ações afirmativas para negros, sendo que 33 adotaram o sistema de cotas e 3 adotaram pontuação adicional, onde são acrescentados 10% da nota tirada no vestibular ao resultado final. Em 2009, 32 mil estudantes ingressaram nas universidades públicas por reservas de vagas como as cotas raciais. É possível perceber que não existe um modelo pré-definido no modo como as universidades adotam ações afirmativas com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino. Além da questão da democratização do acesso ao ensino superior um outro argumento utilizado na defesa das ações afirmativas nas universidades é que ela permitiria aos grupos que sempre tiveram acesso às universidades o contato com grupos vindos de diferentes realidades socioeconômicas e culturais, o que possibilitaria a desomogeneização das relações universitárias permitindo o acesso a diferentes perspectivas de vida.'

 

Lilian Gomes 

 

[1] Disponível em http://www.palmares.gov.br/?p=10036 Acesso em: 5/09/2011.